"Uma longa viagem começa com um simples passo."

domingo, 2 de agosto de 2015

Cheguei!

Meu intercâmbio começou ainda no Brasil, quando eu entrei em um avião enorme de origem alemã onde uma comissária de bordo me atendeu logo dizendo: "O senhor gostaria que eu falasse em inglês?" (já dizendo isso em inglês), "ou prefere falar em alemão?" (nem preciso dizer em que língua ela falou).
A viagem foi longa, mas a excitação do que estava por vir não me deixou dormir. Passei a noite viajando mas quando amanheceu e eu olhei pela janela, me deparei com nada menos que os alpes que se estendiam pela Itália, Alemanha, Suíça, Áustria. Que cena lina. Aquelas montanhas cobertas com neve e no meio do nada algumas casinhas. Me deu vontade de ficar por lá.
Após 12 horas desembarquei em Munique - Alemanha. 4 horas de espera me deu tempo suficiente para dar aquela treinada no inglês ainda dentro do aeroporto. Minha vontade mesmo era de praticar o alemão: eu tinha estudado a língua por um ano e meio, mas bastou eu chegar na Alemanha pra eu ter noção de que eu não sabia nada.
Quando entrei no avião que me levaria ao meu destino final, Bucareste - Romênia, o frio na barriga começou. Quem estaria lá me esperando? Como vou passar pela imigração? Será que minhas malas foram extraviadas? O que é exatamente ser um estrangeiro?

Fiquei 15 minutos sendo "entrevistado" pelo policial federal. Devo confessar que o inglês dele era péssimo, o que dificultou um pouco nossa conversa. Tudo correu bem e minhas malas estavam ali.

Bom, malas em mão, entrei no país, e lá estavam duas desconhecidas com meu nome escrito em um papel branco. Elas me perguntaram se eu queria ir para casa de táxi ou de transporte público. O termômetro naquele dia marcava zero grau. Eu não estava afim de esperar por um transporte público. O taxista era maluco, sem contar o trânsito da cidade que era caótico. Eles costumar dizer que é uma bagunça organizada, e eu acredito. Eu cheguei às 4 da tarde, mas o inverno europeu não é famoso por ter sol. A noite já cobria a cidade. No caminho do aeroporto até a casa que eu ficaria hospedado eu me dei conta de que estava de fato na Europa. Passei pelo arco do triunfo e arrisco a dizer que é tão lindo quanto ao de Paris.
O taxista parou e as meninas disseram: "chegamos". Paguei "60 lei" pela corrida. Leu Romeno - essa é a moeda. Um Leu, dois lei. 1 real comprava  1,4 lei mais ou menos. Bom, ali estava uma casinha de dois andares com um Ford Ká, daquele primeiro modelo, na garagem. O dono da casa morava no térreo, e eu ficaria no andar de cima. Eram duas casas mesmo, uma no topo da outra. Entrei e vi dois homens que aparentavam ter uns 30 anos. Elas me explicaram que eu era o primeiro estudante na casa e que aqueles eram os pedreiros que estavam terminando de reformá-la.
A primeira coisa que me chamou atenção era o forno do fogão estar aberto e aceso. O aquecedor estava com problema por isso tiveram que improvisar uma lareira.
As meninas me perguntaram se eu estava cansado ou se eu tinha ânimo para ir até o escritório da agência de intercâmbio para me apresentar ao pessoal de lá. É claro que eu fui. Eu queria conhecer a cidade inteira naquela noite.
Fomos de metrô. Quando chegamos eu logo descobri: aquele pessoal era apaixonado pelo Brasil. Tive a melhor recepção que alguém poderia ter. Me pediram para contar da viagem e até para ensinar o português. Passei duas horas por lá e fomos todos depois tomar uma cerveja no High Life Bistro. Meu Deus! Eu não acreditava que estava no velho continente tomando uma cerveja com pessoas que eu nunca tinha visto na vida.
Antes de viajar é claro que eu pesquisei sobre o país e li que é permitido fumar em locais fechados. Até mesmo dentro da Pizza Hut. O que eu não sabia é que quase todo mundo do país fumava. A fumaça do cigarro se misturava ao cheiro da cerveja e ao delicioso aroma da comida que estávamos comendo. O cigarro no país é caro, por isso é muito comum eles comprarem o fumo e enrolarem seus próprios cigarros.
Algumas horas se passaram e um romeno que falava português se ofereceu para me levar de volta pra casa. No caminho paramos em um mercadinho, afinal de contas eu precisaria comer algo na manhã seguinte. Comprei um suco de cereja, um salgado assado e um pacote de semente de girassol (é comum comer isso por lá).
Uma hora da manhã. Eu me deitei na cama e não conseguia acreditar que eu estava ali. A qualquer hora parecia que eu ia acordar de um sonho. Eventualmente o cansaço misturado com a cerveja me fizeram pegar no sono. Na manhã seguinte eu acordei e percebi que aquilo tudo era real. E que só estava começando.


O To Sem Rumo acaba de desembarcar na Romênia. Te muita coisa para acontecer. Se quiser acompanhar essa história, fique ligado.

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