Eu era o primeiro intercambista na casa, mas no dia seguinte uma chinesa desembarcou. Ela parecia muito mais perdida do que eu. Fui me apresentar a ela mas meu nome era impronunciável. Ela dizia: Petulo, Peto, Petul. Demorou um mês para sair Pedro da boca dela e das outras chinesas que chegaram depois.
Dois dias depois um amigo romeno me chamou para ir com ele para balada. É claro que eu fui. E diferente do Brasil, na Romênia não cobram a entrada para a maioria dos pubs. Portanto visitamos diversos pubs até as 6 horas da manhã. Bebi até dizer chega. E no caminho de volta pra casa uma cigana se ofereceu para nós. Por um pouco de dinheiro ela prometia fazer... Bem, você sabe o que ela estava pronta pra fazer. Gentilmente recusamos a oferta.
Os dias foram passando, a reforma na casa foi concluída e em duas semanas a casa estava cheia. Eram 18 pessoas de 11 países diferentes: Estados Unidos, China, Tunísia, Ucrânia, Malásia, Argentina, México, Colômbia, Índia, Singapura e é claro, Brasil (éramos 4 brasileiros).
Eram 4 quartos na casa: 1 para os meninos que somavam 8, e 3 quartos para as meninas que juntas eram 10. Tínhamos dois banheiros minúsculos, uma cozinha com espaço para três pessoas, e um balcão com 5 cadeiras onde fazíamos as refeições.
Talheres, pratos, copos e panelas eram escassos. Nos revesávamos para cozinhar e para comer. Conforme o tempo vai passando você acaba se tornando mais amigo de uns do que de outros. Meu grupo de melhores amigos era formado pelo mexicano Diego (esse é amigo pra vida toda), pela argentina Carolina (minha irmã do coração. Visitei ela em Buenos Aires poucos meses depois), o brasileiro Guilherme (talvez o cara mais correto da casa), a nordestina Bruna (trouxe o calor de Recife) e for last but not least, Marcela (minha mamãe romena. Ficamos doentes juntos e ela como uma boa mãe fazia sopa pra gente ficar melhor). Nosso grupo acabou tendo o nome de Latinos.
Fomos a bares, pubs, feiras e experimentamos as comidas de rua. Que delícia! Os famosos "Kebabs" se espalhavam pela cidade. Era uma massa, tipo panqueca, recheada com repolho, frango, bata frita, cebola e diversos tipos de molho. Não custava nem 5 reais. Muito melhor que qualquer fast-food por aí.
Quando andávamos de metrô as pessoas não tiravam os olhos da gente. Imagine só um monte de gente de vários países falando muitas vezes em várias línguas. Não tem como passar sem ser notado.
Não posso reclamar da recepção dos romenos. Sempre atenciosos e prestativos. É claro que como toda regra existe uma exceção: não consigo esquecer quase todas as vezes que íamos ao mercadinho perto de casa, o segurança sempre nos acompanhava dentro do mercado para ver se não iríamos pegar nada "emprestado".
Depois de explorar as redondezas, resolvemos fazer uma viagem mais longa. E quem vai a Romênia não pode deixar de ir até a Transilvânia e fazer uma visita ao Conde Drácula. Combinamos então de encarar algumas horas de trem e desembarcar na casa do chefe dos vampiros.
Pegue seu lugar no trem, agarre um punhado de alho, uma estaca e crie coragem, pois nosso próximo encontro será com uma das figuras mais horripilantes das últimas décadas.
Se você está interessado em saber como tomar um café com o querido Conde, fique ligado no blog.
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